11 janeiro 2007

Mario Sergio Cortella: Opinião sobre inclusão digital de professores


Em entrevista publicada na revista Carta na Escola (edição número 12, de dezembro de 2006), o Prof. Mario Sergio Cortella apresenta sua opinião sobre tema pertinente ao projeto UCA.

"CE: Outra questão que me parece relevante é o pouco acesso dos professores a computadores. Promover a inclusão digital dos professores não deveria ser uma prioridade do poder público, antes mesmo de pensar nos alunos?

MSC: O professor precisa ter, sim, o computador como material de trabalho em casa, inclusive promovido pelo poder público. Existe um mito que diz que nós vivemos em uma era do conhecimento. Eu tenho certa discordância disso, pois sou da área de filosofia e nós costumamos dizer que a era do conhecimento nós vivemos sempre, senão não estaríamos vivos como espécie. O que nós estamos vivendo é uma era exuberante de circulação da informação, que equivale ao que aconteceu nos séculos XV e XVI, com a utilização do tipo móvel de Gutenberg. Antes de 1450, demorava-se mais de um ano para produzir 20 exemplares de um livro, porque ele era todo manuscrito. Nos primeiros dez anos do tipo móvel de Gutenberg, mais de 30 milhões de livros foram produzidos na Europa. O homem do Renascimento viveu uma profusão da cultura letrada. Hoje é a mesma coisa. Um professor não pode ser furtado na sua condição de acesso à informática. Ao contrário, ela é uma ferramenta pedagógica. Ela não é substitutiva ao docente, portanto, não é suplementar, e sim complementar ao trabalho pedagógico. Nós não podemos ser vítimados pela informatofobia. Imaginar que o computador vai substituir o professor... Também não devemos ter informatolatria, não temos de incensar a tecnologia em si. Isso é uma tolice. Quem sabe cozinhar, cozinha em um fogão a lenha ou num modelo último tipo. Por isso a questão central é aprender a fazer."

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